7 de mar. de 2019

Publicação obscena de Bolsonaro é um ato político da maior importância

Trata-se de um expediente de longo pedigree nos anais da história brasileira. Políticos ultraconservadores na década 1920, líderes integralistas nos 1930 e ideólogos da ditadura militar denunciaram seus opositores por degeneração sexual e o declínio moral. Assim como ocorre hoje, eles também usavam os meios de comunicação com destreza. A obra de referência é do historiador Benjamin Cowan, “Securing Sex: Morality and Repression in the Making of Cold War Brazil” (2016).


A expressão contemporânea desse tipo de ativismo moralista precede a chegada de Bolsonaro ao poder. Seus líderes, na década de 2000, foram Silas Malafaia e Marco Feliciano, para quem a esquerda representaria uma séria ameaça à família tradicional e à sexualidade convencional. Da Índia à Turquia, de Israel aos Estados Unidos, esses argumentos estão vivos e têm força.

O ato do presidente revela que a crise política que impede a restauração da economia está longe de acabar. E promete que a guerra cultural não se reduzirá a mera estratégia de campanha. É uma forma de governar.

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