A grande questão do mal do Brasil

Por Jessé de Souza

A gente normalmente se perde na fragmentação do mundo. A gente pensa no presidente, num juiz, etc e etc, e esses caras são meros lacaios de um esquema que é impessoal, e que é muito mais importante do que eles, né!?

Obviamente quem nos assalta é a fração financeira do capital e por quê?! Porque o agronegócio, a indústria, etc, hoje em dia, retira o seu ganho efetivamente na especulação financeira. E ela se manifesta como?! Ela se manifesta na forma de juros escorchantes -- é o maior do mundo, sem nenhum motivo para isso -- só que ninguém nunca fala nisso; e numa dívida pública que quem entende e sabe, que a real corrupção é a dívida pública.


É uma dívida pública que toma metade do nosso orçamento -- que é paga pelos pobres -- uma dívida pública nunca auditada. Como é que a gente aceita pagar uma coisa que você não sabe o que você deve?! E quem analisa essa dívida sabe que é juro sobre juro,  ou seja não tem contrapartida; há suspeitas, nos fins... Quer dizer, há suspeitas fortíssimas que são títulos fraudulentos, desde a década de 90 quando essa dívida efetivamente começou. E ela implica o quê? Que certos títulos que são utilizados para achacar [roubar] uma população como um todo. Corrupção é isso!

Mas aí, foi construído entre nós, por uma intelectualidade comprada -- a USP serviu-se a isso (não que não tenha gente admirável, respeitável lá), mas a USP foi uma universidade que montou (ela foi criada pela elite de São Paulo a partir de uma reação à tomada do poder político por Getúlio Vargas) e se montou uma idéia de que é "a grande questão do mal do Brasil é o Estado".

Então você estigmatiza o Estado, [e] a política -- especialmente quando ela está ligada a interesses populares. Para essa elite do dinheiro, que vive dessa rapina, não existe explicação melhor para o mundo. Você invisibiliza o mercado, o dono
do mercado, que faz[em] o assalto, e você monta [como culpada] uma "corrupção dos imbecis". Não é isso?!

Toda a mentira tem que ter um grão de verdade. O grão de verdade dessa mentira é que se rouba na política também, né? Mas é o roubo, obviamente que a gente sabe, do lacaio, né, a mala de dinheiro, o troco que se dá pro aviãozinho do tráfico. E isso pra evitar que a gente saiba onde está a Boca de Fumo, que é a intermediação financeira -- que faz esse assalto -- com base em fraudes, etc, e que tem sempre a ver com a isenção fiscal (que são formas de privatização dos lucros e socialização dos prejuízos), sonegação de impostos, etc e etc.

Quantitativamente, essa corrupção da política, ela é, quantitativamente insignificante. É claro que ela é reprovável. Não quero dizer que ela é boa, mas é utilizada como uma isca, entende, pra demonizar a política. Porque o que essa fração do capital financeiro quer é eliminar a mediação política enquanto tal. E é isso que tá sendo buscado agora. Você estigmatizar a política inteira para o dinheiro mandar diretamente.