22 de maio de 2020
O discurso é de guerra permanente, e ele se comporta como se fosse um John Wayne acuado, cercado de índios comunistas, em um bangue bangue da década de 1950. O projeto de Bolsonaro, como tenho repetido aqui, é a utopia regressiva de retorno à sociedade colonial do século 17, pré-iluminista, com milícias armadas religiosas, chefiadas por chefes de família patriarcais e ausência de Estado regulador ou protetor das minorias. Estado de natureza hobbesiano, antiliberal e antirrepublicano. Tudo o que é moderno — pluralismo, tolerância, Estado de direito moderno, laicidade — é rechaçado enfaticamente. Bolsonaro tem o projeto dele e não está nem aí pra Constituição. A Constituição não existe, é um amontoado de palavras que nada valem, porque não passa de um breviário comunista ou subversivo. Só não pode haver corrupção. As instituições podem existir, desde que não contrariem o governo. Contrariedade é sinônimo de sabotagem. Então o livre funcionamento das instituições não é tolerado; há uma percepção de que são também inimigas ou subversivas. E ele tem razão: seu projeto é inconstitucional de ponta a ponta.”
https://www.canalmeio.com.br/edicoes/2020/05/22/edicao-extra-celso-de-mello-torna-publico-video-de-reuniao-de-bolsonaro/?jumpto=celso-de-mello-torna-publico-video-de-reuniao-de-bolsonaro
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