No começo da crise, a mídia internacional simplesmente reproduzia o que dizia a imprensa brasileira. Era uma espécie de continuidade da operação de desconstrução da imagem do Brasil de Lula, iniciada com as manifestações de 2013.
Por ela, o Brasil deixava de ser o país que combatia radicalmente a fome e a desigualdade para ser o país da corrupção. O país deixava de ter modelo de desenvolvimento econômico com distribuição de renda factível e virtuoso para ser um país inviável economicamente e caótico. Comandavam essa operação alguns dos órgãos conservadores de maios peso na formação da opinião pública internacional, entre eles The Economist, Wall Street Journal, El País, Financial Times.
Era preciso destruir a imagem do Brasil como modelo internacionalmente reconhecido de alternativa ao neoliberalismo. A imagem de Lula como o mais importante líder político no combate à fome, como “o cara”, deveria ser substituída pela de um líder de um projeto falido e sua imagem esquecida.
A crise, segundo grande parte da mídia internacional, no seu início, era uma continuidade da interpretação dela simplesmente como um estágio final da esgotamento dos governos do PT, corroído por sua própria corrupção. Era a versão da mídia brasileira reproduzida mecanicamente fora do Brasil.
Quando a crise se tornou aguda, os principais meios de comunicação de todo o mundo mandaram seus correspondentes para acompanhar seu desenlace, conforme anunciada pela mídia. Ao chegar, logo se deram conta que se tratava exatamente do contrário: são os corruptos, com Eduardo Cunha e Michel Temer à cabeça, os que tratam de derrubar uma presidenta honesta, que não havia cometido nenhum crime de responsabilidade que permitisse a aplicação do impeachment e que se trata efetivamente de um golpe político dos setores mais conservadores do país, para bloquear um modelo vitorioso quatro vezes nas urnas e cuja imagem é o prestígio vigente do próprio Lula, sobre quem nenhuma acusação de corrupção foi comprovada.
Gerou-se então uma impressionante unanimidade internacional, maior do que em qualquer outro momento, inclusive durante a ditadura militar, de condenação do golpe e de ilegitimidade do governo que surge daí. Mesmos os órgãos mais neoliberais, que se entusiasmam com os planos privatizadores de Henrique Meirelles, se dão conta da fragilidade política do governo e de como ele está composto por um bando dos políticos mais corruptos do Brasil.
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